“Battle for Terra” por António Reis

A animação está numa fase particularmente activa. Todos os estúdios querem aceder a essa galinha dos ovos-de-ouro. Se no ano passado estrearam cinco filmes de animação, este ano já se ultrapassou a dúzia e ainda faltam alguns. Esperemos que a exploração da galinha não acabe com o negócio. Se além de animação acrescentarmos as palavras mágicas 3D, ambientalismo e vozes famosas estamos na presença de uma receita que os produtores pensam ser irresistível. “Battle for Terra” não resiste a estes clichés: tem uma mensagem humanista e moralizante de fazer chorar o coração mais empedernido; assume uma visão ecológica de fazer corar de inveja os militantes da Greenpeace e recorre aos óculos 3D topo-de-gama cheios de estilo, mas nem estes ingredientes nem as vozes de Ron Perlman, Dennis Quaid, Luke Wilson, Evan Rachel Wood, Rosanna Arquette, Brian Cox e Amanda Peet entre outros são aliciantes suficientes para transformar histórias interessantes, mas não inovadoras em boxoffices.
O 3D não é por si só apesar da panóplia das suas possibilidades técnicas, a tábua de salvação de nenhum filme. No caso de “Em Defesa da Terra” o 2D seria mais do que suficiente. O tom moralista da história e o ar politicamente correcto também não é o mais adequado para definir o seu público alvo. Pensado para crianças, mas longe das suas expectativas enquanto espectadores de cinema, esta animação tem o insólito destino de passar discretamente pelas salas. Em televisão por episódios podia ter tempo de antena para ser visto desatentamente nas manhãs de fim-de-semana, mas pedir-lhe mais do que isso é demasiado.
A animação é tecnicamente boa, mas nem aqui a bonecada tem aspecto apelativo para ser vendido em merchandising. A ver vamos o que dizem as receitas de bilheteira.