“The Heartbreak Kid” por Ricardo Clara

A comédia moralista é a tónica dominante da (curta) filmografia dos irmãos Farrely. Do mediano “Dumb and Dumber” (1994), que teve o mérito de ser a explosão de Jim Carrey, passando por aquele que terá sido o mais conseguido, “There’s Something About Mary” (1998), bem como “Me, Myself & Irene” (2000) ou “Shallow Hal” (2001), a direcção sempre se pautou por relações amorosas complexas, abordadas de um ponto de vista cómico, mas sempre com um desfecho hollywoodiano. “The Heartbreak Kid” / “O Mal Casado” não é excepção.

Eddie Cantrow (Ben Stiller) é um quarentão frustrado com a inércia da sua vida amorosa. Com todos os que o rodeiam casados ou a casar, e num momento especialmente inseguro da sua vida, conhece Lila (Malin Akerman), uma belíssima loura que o cativa imediatamente. Do início da relação ao casamento mediaram 6 semanas, que viriam a revelar-se insuficientes para se conhecerem. Até porque, em plena lua-de-mel, Eddie descobre que se casou com alguém que, verdadeiramente, não conhecia.
É neste contexto que é apresentado a Miranda (Michelle Monaghan), e com quem desenvolve uma qúimica especial, passando os dias entre um aberto flirt e a vida de um recém casado. Essa viagem viria a mostrar-se um pomo de mudança na sua vida.

“The Heartbreak Kid” é um decalque dos anteriores filmes da filmografia dos Farrely. Humor escatológico, gags inconsequentes e previsíveis, com um final, como sempre, feliz. Confirma-se que a criatividade desta dupla não passa disto. Quando se vê um filme dos Farrely, vê-se todos – a mesma realização desenxabida, os mesmos planos, as mesmas piadas, o mesmo estilo, enfim, tudo igual.
O que muda, e não é suficiente, são os actores. Ben Stiler não é um grande actor, mas é competente (apesar de raramente se adequarem filmes deste género ao seu estilo. Stiler é Chas em “The Royal Tenenbaums” (2001), mas raramente consegue ser um Greg em “Meet the Parents” (2000), o que lhe corta imenso os movimentos), e Jerry Stiller no papel de Doc, pai de Eddie, também com relativa piada, naquele registo que também se queda por ser sempre igual, mas que se adequa à trama (uma cópia integral do seu papel de Arthur Spooner na série televisiva “The King of Queens” (1998 – 2007).
No restante, um desfilar de lugares comuns, que (acrescente-se) nem filmar São Francisco convenientemente conseguiram. Uma pobreza.