“88 Minutes” por Ricardo Clara

“88 Minutes” / “88 Minutos” é um daqueles filmes que não acrescenta absolutamente nada ao cinema nem ao género que integra. Quantas vezes já apareceram fitas onde ao protagonista é dado um quantum temporal para viver, quer seja marcado em horas, minutos ou dias? E sem opções estilísticas de relevo ou abordagem narrativa meritória, acabamos com uma peça medíocre, onde se salva Al Pacino, por ser… Pacino.

E este é Jack Gramm, um psicólogo forense que teve no seu último caso, uma história de luta pessoal – provar que havia sido Jon Forster (Neal McDonough), o Estripador de Seattle, a cometer uma série de hediondos crimes, nos quais deixava sempre a sua marca pessoal – quer pela colocação do corpo, quer no modus operandi.

Com ele trabalha Shelly Barnes (Amy Brenneman), assistente pessoal, que o apoia no seu gabinete de psiquiatria, bem como na preparação das aulas (Gramm também é professor universitário). De entre os seus alunos destacam-se Kim Cummings (Alicia Witt) e Lauren Douglas (Leelee Sobieski), sendo as que mais se interessam pela actividade do professor.

No meio dos seus devaneios com mulheres e com o álcool, Gramm recebe uma estranha chamada: só possui 88 minutos de vida. Tal sucede no exacto dia em que Forster tenta impedir a sua execução por injecção letal, ao mesmo tempo que uma jovem rapariga é assassinada, nos exactos termos em que as vítimas do Estripador de Seattle o foram. O psiquiatra tem a certeza de que só um imitador é que estaria a elaborar novos crimes. mas a opinião pública começa a acreditar na inocência do prisioneiro. Jack Gramm que 88 minutos para provar a culpa de Forster, e para proteger a sua vida.

Jon Avnet (“Red Corner”, 1997) dirige esta balela cinematográfica, lenta, previsível e banal. Um thriler que me fez relembrar por inúmeras vezes “Copycat” (Jon Amiel, 1995), desde a abordagem ao professor / psiquiatra forense, até à narrativa estranhamente similar, trocando-se Al Pacino por Sigourney Weaver. Um exagero de semelhanças e de repetições, como diálogos básicos e uma banda sonora pobre, com um Pacino ao seu nível, mas que merecia muito mais do argumento.