“The Breed” por Nuno Reis

A receita para 99% dos filmes de terror é extremamente simples. Pega-se num punhado de jovens e coloca-se num local isolado. Junta-se um número a gosto de inimigos e sangue qb. e já está! O inimigo pode ser um humano proscrito, um animal feroz, ou uma criatura alienígena, vale tudo. Alguns autores gostam de arriscar e trocam os jovens por um exército armado ou o local ermo por uma cidade populosa e normalmente corre bem. A grande maioria destes filmes felizmente nem chega às salas e só com alguma dificuldade se encontra em DVD.

“The Breed” é um caso em que a receita foi minimamente alterada. Começa com um casal a desembarcar numa ilha onde, algo que o espectador não vê, lhes dá as boas vindas à dentada. Isto é só para abrir o apetite, o melhor ainda não chegou. Cinco jovens partem para um fim-de-semana de diversão nessa ilha deserta. Lá encontram um cachorrinho e, mais tarde, uns cães grandes. Afinal a ilha não era assim tão deserta, também lá havia uma base de treino de cães e, quem diria!, faziam-lhes alterações genéticas para aumentar a agressividade e inteligência. Agora os jovens vão ter de sobreviver contra uns animais mais espertos que eles.

O lote de actores aqui reunido era relativamente bom para o género de filme. A produção é de Wes Craven e isso ajuda sempre. Michelle Rodriguez já dispensa apresentações, tem feito carreira entre filmes de acção e de terror. Hill Harper é bem conhecido para os espectadores de “CSI NY“. Taryn Manning além da carreira musical tem já uma dúzia de filmes do género. Os outros dois – Eric Lively (da série “So Weird“), Oliver Hudson (“Dawson’s Creek“) – aguentaram-se bem ao pé destas semi-estrelas.

As variações do filme em relação à receita eram suficientes para o fazer bom se fossem aproveitadas. Comecemos pela criatividade nas armas. Usar arco e flechas é original e sem dúvida é mais versátil do que armas de fogo ou um pau. O inimigo é uma matilha, algo que não precisa de complicadas explicações para ser visto como perigoso. Todos reconhecem a inteligência dos cães e a eficácia dos ataques em grupo.
Os pontos fracos é que são um desconsolo. Os protagonistas morrem pela ordem esperada. Adivinha-se sempre de onde vai surgir o próximo cão. Um fenómeno não explicado que sucede aos que foram mordidos podia ter sido desenvolvido para fugir ao tradicional, mas isso dava demasiado trabalho.
Ver expressões de medo onde o inimigo não é um CGI e está mesmo à frente é refrescante. No entanto os cães não são tão bons actores como seria desejável e por vezes fazem ataques com a língua de fora. Nem é bom, nem é suficientemente mau para ser bom.