Alexander and the Terrible, Horrible, No Good, Very Bad Road Trip

Por incrível que pareça, já passou uma década desde que tivemos o primeiro filme sobre o péssimo dia do Alexander. Aquilo que na altura parecia um tele-filme com um elenco adulto de demasiado categoria, acabou por se revelar um filme interessante, muito graças a esse esforço para reunir um elenco competente.

Apesar do relativo sucesso, não avançaram logo com um sequela. E como o material de base era um livro isolado, essa decisão tinha de ser tomada na semana do lançamento pois, em filmes com crianças, qualquer demora destrói a possibilidade de se fazer algo mais tarde simplesmente porque as estrelas envelheceram. Demasiados anos passaram para que este filme tivesse uma sequela (quase que podiam fazer Alexander como pai). No entanto, em 2025 a Disney lançou um novo filme inspirado no livro de Judith Viorst. Fui logo espreitar o que poderia ser. Desta vez Alexander e família iam em viagem. O elenco era completamente novo. E como a causa forte da empresa é a diversidade, agora a família é hispânica. Mais uma vez tiveram cuidado na escolha dos adultos. Eva Longoria e Jesse Garcia como pais, Cheech Marin e Rose Portillo como avós, Paulina Chávez, é a irmã… era um elenco muito forte! Novamente Alexander parecia ser a excepção. A estrela do filme – Thom Nemer – era o nome menos sonante. Mas nada mais indicava um filme mau.

A ideia central infelizmente foge ao que o original nos trouxe. Enquanto o primeiro era sobre fazer frente aos maus momentos e agir como família para superar as dificuldades, neste os membros da família Garcia também lidam com algumas dificuldades em segredo, mas estão mais isolados. E os azares não são totalmente culpa de Alexander, mas de uma estatueta amaldiçoada que está na família há gerações e decidiu ter efeito apenas no petiz. É estranho para quem se lembra do original (filme ou livro), mas decidi ver com a mente aberta. O fundamental, como o título dizia, é que Alexander tenha um dia/viagem do pior.

Quando Val ~a mãe – tem um trabalho para fazer no México, toda a família vai de férias ao seu país de origem. Visto que alguns nem falam castelhano, essa imersão cultural é importante para a sua identidade. Só que, como o título sugere, o que podia ser uma viagem de sonho acaba por se tornar numa sequência de eventos muito desagradáveis. Os pais tentam aproveitar a viagem, os filhos tentam destruir o item responsável pelo seu infortúnio, e os séniores são literalmente deixados à sua sorte.

O filme numa perspectiva meramente artística é muito fraco. Aliás, dos piores que vi ultimamente. Premissa interessante, momentos de humor desequilibrados (o melhor é esgotado nos primeiros 15 minutos), mau fio condutor, e por alguns momentos parece estar apenas a “encher” (o filme original tinha menos de 80 minutos, este supera os 90). Mas por vezes é uma questão de enquadramento. É um telefilme num canal infantil. O humor visa funcionar com crianças. As interpretações não são más e a mensagem central passa. A diversidade não foi forçada como em algumas outras adaptações recentes, mas um bom pretexto para fazer algo completamente diferente. E honestamente, se saísse outro destes na plataforma, provavelmente veria.