Jungle Cruise

Há muitos anos, alguém achou que tornar uma diversão menor dos parques Disney num filme seria divertido. O resultado foi “Pirates of the Caribbean” e não só lançou a curta carreira de Gore Verbinski, como relançou Depp, ajudou a lançar Knightley, e manteve Bloom no radar por algum tempo. Tornou-se um fenómeno ímpar e aqui a expressão não é usada como lugar comum. Vários filmes, carreiras lançadas, nomeações a prémios… foi um sucesso pleno. Quando decidiram repetir, pegaram numa diversão ainda pior: Jungle Cruise. Ora, eu andei na diversão dos Piratas muito antes do filme, mas nem sequer quis saber do que se passava na selva. Fazer um filme? Nem pensar. E se há uma década me falassem disso, seria motivo de risos. Claro que com os recentes avanços nos animais CGI por parte do estúdio do rato, teria outra opinião. Em especial ao ver o elenco.

Dwayne Johnson é um actor de acção. Ainda que haja uma ou outra surpresa ocasional, sabemos o que esperar dele na maioria dos filmes. Já Emily Blunt é tudo num só pacote. É uma das poucas actrizes capazes de fazer acção sem ser banal. É capaz de fazer personagens de época. E é o epítome do sotaque inglês. Saber que estaria a interpretar uma mulher inglesa, num filme de época, com muita acção (por que outro motivo teria Johnson?) é o suficiente para me convencer.

A história acompanha Lily e MacGregor. Os irmãos seguem o sonho do seu falecido pai de encontrar as lágrimas de sangue, uma lenda que se diz capaz de curar qualquer maleita. E estando a Europa em plena Grande Guerra, existem outros interessados na cura perfeita. No Brasil a vida é mais relaxada. Existem mais oportunistas que caçadores de tesouros e Frank é um desses. Com um barco velho e nas lonas, faz de tudo para conseguir extorquir dinheiro aos turistas que procuram emoção. Quando surgem interessados em fazer uma viagem que ninguém inteligente aceitaria, é a sua grande oportunidade.

Ver o filme traz memórias de “The Mummy”, outra saga onde irmão e irmã ingleses se aliavam a um explorador destemido em busca de uma lenda guardada por criaturas míticas. Aqui a receita é repetida sem grande diferenças, ainda que o terror seja mais comedido e o humor seja menos físico e a mulher seja a maior estrela. Talvez porque a personagem de Frank foi demasiado genérica e pareça que Johnson só ficou com o papel para atrair espectadores. Enquanto nos outros filmes, parece escrito à medida, aqui qualquer outro actor teria feito igual.

Todos os filmes do género aventura de época serão inevitavelmente comparados a Indiana. No entanto Jaume Collet-Serra conseguiu dar um toque pessoal. De alguma forma fugiu aos clichés e, apesar de nos trazer muitos elementos visuais recorrentes dos Piratas, é um filme que funciona com o público jovem, com o público adulto, e com o público que já viu demasiadas coisas parecidas. Nos dias de hoje e atendendo à velocidade com que fazem cópias de qualquer filme de mínimo sucesso, isso não é nada mau.