Kim Possible (TV 2019)

Há cerca de vinte anos, eu ainda via desenhos animados infantis. Não era como nos anos 90, em que via tudo o que dava e fazia uma lista com os meus favoritos, sinal precoce que talvez viesse a ser profissional na avaliação de conteúdos audiovisuais. Nos anos 00 eu veria talvez umas três séries infantis e esporadicamente. Mas sei que uma delas era “Kim Possible“.

Para dar contexto aos mais jovens, “Kim Possible” foi uma série animada que ficaria entre “Miraculous” e “K.C. Undercover” (mas precedendo ambas em uma década). Kim é uma estudante que todas as semanas arranja tempo para derrotar vilões e salvar o mundo. Ao seu lado no terreno tem Ron Stoppable e o rato careca Rufus, e remotamente tem Wade Load no apoio técnico. E quando não está em missão, tem o drama familia, principalmente causado pelos irmão mais novos (gémeos). E tudo isto sem identidades secretas.

No elenco vocal estão nomes fortes do universo Disney. O tema é cantado por Christina Milian, e Kim tem a voz de Christy Carlson Romano, mas entre os secundários e regulares temos Gary Cole, Raven, Patrick Warburton e Patton Oswalt, e ainda participações recorrentes de Elliot Gould, George Takei, J. K. Simmons, Ron Perlman, Felicity Huffman e imensos outros. Ou seja, não era apenas um produto infantil, mas todo um investimento. E depois, apesar de alguns filmes animados, a saga desapareceu. Até que, há 7 anos, se ouviu que viria um filme em imagem real.

Os rumores focaram-se em Sean Giambrone (a estrela de “The Goldbergs“) como Ron, mas pouco mais. Quando se soube que a realização ia ficar com a dupla de “Freaks” foi estranho, mas longe de ser uma desilusão. Entretanto, como era um filme para televisão e estivemos confinados, esqueci-o completamente. Até que a box, num dia em que nada era apelativo, me sugeriu que o visse. Como a Kim não desilude e um filmes destes não ia obrigar a puxar pela cabeça, era uma escolha óbvia.

Esta nova obra começa com duas missões: Kim tem de travar o Professor Dementor e vai ter o primeiro dia na escola secundária. Acostumada a ser uma estrela, Kim não tem um dia maravilhoso. A melhor parte é que conhece Athena, uma nova aluna que teve um dia ainda pior. Sendo Athena uma fã de Kim, dão-se bem num instante. Pouco depois, Kim está a treinar a nova amiga, mas estará esta equipa de três em condições para enfrentar tanto a escola como o Dr. Drakken (o vilão principal da história)?

Sejamos honestos: depois de tantos “Spy Kids“, “Sky High” e “We Can Be Heroes”, o género do super miúdos não tem muito de novo para nos apresentar. Este filme conseguiu saber o que as pessoas esperavam do filme e entregou exatamente isso. Para os miúdos tem uma história simples com a parte da escola e das amizades para se identificarem, com momentos de humor, de ação e um par de surpresas. Para os adultos temos um cameo (desnecessário, mas simpático) de Romano, temos o regresso de Oswalt ao seu papel, temos Giambrone a ser exatamente o que se esperava – assim que o nome foi anunciado não era possível imaginar outra pessoa na personagem – e imensa química com a estrela Sadie Stanley (ajuda terem interpretado um casal por vários episódios dos Goldberg). Ciara Riley Wilson apesar de ter uma personagem nova encaixou bem na narrativa, e vários papéis secundários bem entregues deram outro nível ao filme. Apreciei a referência ao guarda-roupa da série e brincassem com o equipamento deixado para trás.

No geral foi um filme bem feito. Cumpre a sua missão e, mesmo vendo vinte anos depois da  série ter acabado, traz toda a nostalgia que podia pedir. Considerando todos os regressos de ícones femininos de antigamente (Sabrina, Carmen San Diego) esta série para já foi a que melhor cumpriu.