Orfeu Negro Hoje em dia a indústria cinematográfica brasileira é uma referência. Pode não ser um colosso a nível mundial, mas, pelo menos à nossa escala, devíamos pôr os olhos no que o país irmão tem vindo a fazer nos últimos anos. Vários realizadores conceituados, paisagens deslumbrantes, pessoas únicas, uma cultura com muito encanto e algo de magia, uma política razoável de incentivo ao mecenato, “tem tudo para dar certo”. Mas antes não era assim. Tinham as paisagens, as pessoas, a cultura. Faltava a indústria. Para isso os estrangeiros muito contribuiram. Antes de Anselmo Duarte e o seu “O Pagador de Promessas” conquistarem a Palma, Marcel Camus apresentou o Brasil ao mundo com “Orfeu Negro”, uma reinvenção da mitologia grega onde não falta Hermes, Eurícide, Cerbero e Carnaval. Venceu Cannes, o Globo e o Oscar de filme estrangeiro, não se podia pedir mais. “Orfeu da Conceição” foi escrito por Vinicius de Moraes com tudo aquilo que caracterizou a obra do poeta. Tem tanta dor como amor, tem um Brasil autêntico, sem medo de se expor no melhor e no pior (onde incluo violência, anafalbetismo, incapacidade de gerir o dinheiro). E a música é de Tom Jobim, também ele um perito quando se trata de afirmar a cultura brasileira no palco mundial. Claro que essa peça de teatro podia parecer um pouco arrojada quando se fala do Brasil dos anos 50. Levar Orfeu para as favelas não é propriamente fácil. Muito mais fácil ficou a tarefa de Camus: levar as favelas para o teatro grego. Filmes assim não exigem talento, saiem espontaneamente. Como podia um francês dizer a um brasileiro como festejar o Carnaval? A única coisa a fazer é rezar para que a acção só comece depois da câmara estar ligada. Fora do Carnaval, quando o samba se silenciou, começa um filme bem mais negro. Aí os estrangeiros poderão ter tido alguma outra influência. É quase que um outro mundo – de muito maior risco cinematográfico – que se revela perante os nossos olhos. Como se a macabra figura da Morte a deambular pelo Carnaval carioca não bastasse. Aí já não é um filme tão leve. Partilha-se o suor que escorre da testa de Orfeu. Tantos anos passados ainda se vê com gosto. Continua a ter muito do encanto de então e mesmo que o Carnaval carioca já tenha sido explorado em demasia no cinema, nunca foi de um ponto de vista tão interior. Há inclusivamente personagens que evitam o Carnaval para irem a outras diversões, mas enquanto lá estão, gozam ao máximo essa festa. Essa é a imagem o Brasil que se deve passar, não uma ilusão construída para turista ver. Black Orpheus The film that introduced Bossa Nova to the world... 19591 h 40 min Click an icon to see more Overview Os jovens amantes Orfeu e Eurídice correm pelas favelas do Rio durante o Carnaval, fugindo de um assassino vestido como a Morte e da vingativa noiva de Orfeu, Mira, passando entre momentos de fantasia e a dura realidade. Esta releitura impressionista da lenda grega de Orfeu e Eurídice introduziu a bossa nova ao mundo com a sua banda sonora dos jovens compositores brasileiros Luiz Bonfá e Antonio Carlos Jobim. Metadata — Director Marcel Camus Writer — Runtime 1 h 40 min Release Date 12 June 1959 IMDb Id tt0053146 Details Movie Media — Movie Status — Movie Rating Very good Images No images were imported for this movie. Actors Starring: Breno Mello, Marpessa Dawn, Lourdes de Oliveira, Léa Garcia, Adhemar Ferreira da Silva, Waldetar De Souza, Alexandre Constantino, Jorge Dos Santos, Aurino Cassiano, Maria Alice, Marcel Camus, Fausto Guerzoni, Thereza Santos, Zeni Pereira, Elizeth Cardoso, Cartola, Dona Zica Filmes Filmes 1950's Nuno Reis