Predators (2010)

A saga Predator esteve sossegada por muitos anos. Arrumada na prateleira dos clássicos adorados, apoiada pelo pico de Schwarzenegger como herói de acção, e pela enorme eficácia do monstro. O grande ponto forte do caçador era não ser apenas um indivíduo com capacidades excepcionais, mas um grupo. E dos poucos grupos eficazes de caçadores no cinema, apenas equiparável aos Velociraptors de Jurassic Park. Só que aqui não é apenas um perfil de caçador. É uma profissão – com todo o treino e as ferramentas para ser ainda melhor. E a parte de treino é chave.

No original os alienígenas vinham até nós para treinar. Desta vez, fizeram o contrário. Pegaram numa série de assassinos profissionais e levaram-nos para uma coutada. Sem qualquer contacto com a Terra, mas equipados com as suas armas de eleição, terão pela frente uma equipa de Predators a querer testar os novos equipamentos.

Uma das coisas estranhas com esta saga – e digo-o depois de ter visto Predator – é como estão sempre a falar de melhorar o equipamento e a genética dos caçadores. No entanto, não há grandes diferenças de filme para filme. Décadas que se passam, e a camuflagem é sempre imperfeita, os sensores continuam a ser apenas térmicos, aqui ainda usam o olfacto e a audição, mas nada que torne a suposta “máquina perfeita de caça na galáxia” em algo perfeito. Tem sempre imperfeições suficientes para que o assasino mais eficaz do nosso planeta tenha hipóteses. E enfrentar uma cambada de assassinos solitários que nunca se viram nem estão alinhados quanto ao que fazer, não parece grande desafio para caçadores de elite.

O filme apostou forte no elenco. Algumas opções estranhas, mas que não se saíram mal. E Fishburne por momentos salva o filme e dá um fôlego à mitologia o que foi uma surpresa. No entanto, o filme no seu todo é uma repetição do que já se viu. Sempre florestas onde faz sentido caçar, ou espaços apertados onde não faz, pois, mesmo estando invisível, os tiros são provavelmente certeiros. Cinematograficamente falando, poderia ser interessante ter uma cena onde os pequenos sons a ecoar no corredor confundissem, mas ninguém inteligente se colocaria num corredor enfrentando um opositor armado. E é esse enfraquecimento da mística que arruina o filme e a saga. Nem a escória da humanidade nem os anfitriões merecem apoio nestas quase duas horas de confronto.

Nimród Antal não tinha grande carreira quando chegou a este projeto e praticamente ficou sem ela depois de apresentar isto. O problema de pegar numa saga com passado sem ter poder contra os estúdios, é que nos tornamos meros executores entre as expectativas artísticas do público e os objectivos económicos dos estúdios. Este filme devia ter relançado a saga, e apostou forte no elenco, mas tirando um par de cenas não contribuiu em nada para este universo. Tal como aconteceu no seguinte. Começa a ser um padrão.