Rush A Fórmula Um será, de todos os desportos, aquele que considero menos apelativo. Não acho piada ao consumo desnecessário de combustível. Mas se me perguntassem há uns anos qual o desporto mais estupido já inventado, responderia basebol sem hesitar. É que desportos motorizados para mim nem são desporto. Alguém passar o tempo sentado e dizer que está a fazer exercicio é um conceito ridículo. O que essa actividade tem de mais repulsivo é a indiferença ao equipmento que usam e a constante troca de equipa e de piloto. Cada piloto procura um carro mais rápido. Cada equipa procura um piloto mais rápido. Assim resulta que os carros mais rápidos terão os condutores mais rápidos e não haverá uma saudável competição. Portanto, qual o interesse em ver os ratinhos fazer círculos numa gaiola durante horas, para ter um desfecho que está decidido à partida? E já agora, para quê definir tanta regra quanto aos carros? Estava a precisar de um filme para sequer considerar outro ponto de vista. “Rush” veio mesmo a calhar. Como pode alguém que não gosta de F1 e se aborrece de tédio a ver sequer duas voltas, gostar de um filme sobre o tema? Só se o filme lidar mais com o lado humano do que com as máquinas. Dar primazia aos pilotos sobre os carros. Ron Howard – que tal como eu não aprecia as corridas – aceitou o desafio e apresenta-nos “Rush”, o filme de Fórmula Um onde as carros são o que menos importa. A Fórmula Um como qualquer desporto não demorou muito a criar as suas lendas. Nos anos 50 foi o tetra-campeão Fangio a vencer por 15 e 16 pontos. Nos 60 o pódio normalmente ficava para Jack Brabham, Graham Hill e Jim Clark em que mais tarde se intrometeu Jackie Stewart. Depois viriam os períodos dourados de brasileiros, finlandeses e alemães, mas a haver um duelo, dentro e fora das pistas, foi no ano de 1976. O austríaco Nikki Lauda pagou para chegar à F1 na equipa March. Mais tarde foi para a Marlboro. Então o inglês James Hunt tinha o apoio de Lorde Alexander Hesketh e ambos eram concorrentes insignificantes para as grandes escuderias. Mas as capacidades de Lauda como mecânico além de piloto levaram-no para a Ferrari em 74 e foi campeão em 75. E Hunt na falência de Hesketh aproveitou uma vaga aberta por Fittipaldi para entrar na McLaren em 76. As duas equipas mais rápidas e os dois melhores pilotos do momento. De um lado o rigor lógico e frio de quem roça a perfeição na simbiose com o carro. Do outro, um bon vivant e playboy que dá sempre o máximo pois está disposto a morrer quando entra para o carro. Será um confronto de estilos, de egos, de dois pilotos como a Fórmula 1 não voltará a ter. Quando há uma grande rivalidade em ecrã, é tradicional apresentarem um como bom e outro como mau. Para facilitar a tomada de uma posição. Aqui não é assim tão óbvio. Lauda pode não ter jeito para fazer amigos, mas Hunt também não é de trato fácil. São quase opostos e, contudo, igualmente cativantes. O campeonato de 76 ficará na memória de ambos e dos espectadores por todos os motivos. O filme só ajudará a recordar esse porquê. O equilíbrio entre as vidas pessoais e profissionais é a mais-valia do filme. Ajuda a conhecer o tal lado humano da rivalidade. Como se gabavam de serem o melhor do mundo sabendo que havia um só piloto capaz de os derrotar. O duelo em múltiplas frentes, das boxes às conferências de imprensa, é tão civilizado que nem parece verdade. Dois homens que todo o mundo vê como inimigos mortais, parecem simplesmente andar “picados”. Eram as corridas num tempo de cavalheiros, algo que não vemos hoje em dia. Também há o lado competitivo, aqueles poucos detalhes técnicos que distinguem quem está a ver o filme pelas máquinas e percebe todos os termos, de quem fica perdido ao ouvir falar de algo que ultrapasse os conceitos de volante e rodas. Quem não percebe de carros escusa de mudar de sala (ou de canal daqui a uns meses) que esse tema é tocado apenas de raspão. Até as regras da corrida são fáceis de perceber. E resta usufruir da experiência de assistir ao campeonato mais emocionante e disputado que alguma vez se viu. É verdade que anos depois um desses pilotos ganhará um campeonato por mero meio ponto, mas este foi o ano de todos os perigos. O ano que mudou o desporto para sempre. Com o duelo inesquecível de dois heróis e o maldito Nürburgring, a F1 até parecia ter piada naquela altura. Rush Everyone's driven by something. 20132 h 03 min Click an icon to see more Overview Nos anos 70, uma rivalidade impulsiona os pilotos de carros de corrida Niki Lauda e James Hunt para a fama e glória - até que um horrível acidente ameaça pôr fim a tudo. Metadata — Director Ron Howard Writer Peter Morgan Runtime 2 h 03 min Release Date 2 September 2013 IMDb Id tt1979320 Details Movie Media — Movie Status — Movie Rating Not bad Images No images were imported for this movie. Actors Starring: Chris Hemsworth, Daniel Brühl, Olivia Wilde, Alexandra Maria Lara, Pierfrancesco Favino, David Calder, Natalie Dormer, Stephen Mangan, Christian McKay, Alistair Petrie, Colin Stinton, Julian Rhind-Tutt, Jamie de Courcey, Augusto Dall'Ara, Ilario Calvo, Patrick Baladi, Vincent Riotta, Martin Savage, Jamie Sives, Simon Taylor, Rob Austin, Tom Wlaschiha, Cristian Solimeno, James Norton, Joséphine de la Baume, Geoffrey Streatfeild, Julien Vialon, Douglas Reith, Polly Furnival, Brooke Johnston, Hannah Britland, Lisa McAllister, Hans-Eckart Eckhardt, Vanessa Zachos, Xavier Laurent, Val Jobara, Zack Eisaku Niizato, Akira Koieyama, Klaus D. Mund, Folker Banik, Andreas Engelmann, Christopher Wolert, Jochen Kolenda, Roger Nevares, Vanda Dadras, Raffaello Degruttola, Luca Zizzari, Alastair Caldwell, Alan Bayer, Joe Ferrara, Bob Constanduros, Christian Feist, Marco Canadea, Eiji Mihara, Demetri Goritsas, Jay Simpson, Philippe Spall, Erich Redman, Marcello Walton, Masashi Fujimoto, Roberto Cavazos, Paulo Barone, Francesco Fronte, Morris Morrison, Luca Naddeo, Marco Napoli, Cristian Stelluti, Scott Hopkins, Matthew Watkinson, Anthony Wolfe, Jeremy Wolfe, Mark Postgate, Eddie Bagayawa, Lee Nicholas Harris, Michael Vardian, Niki Lauda, Joanna Finata, Daniel Chapple, James Hunt Filmes 2013 Filmes Nuno Reis