The Mule Clint Eastwood tem uma carreira que marcou gerações. Primeiro como actor sucedendo a John Wayne como o epíteto do cowboy, depressa tornando-se também realizador. E que senhor realizador. Muitos filmes e cerca de duas décadas depois venceu os Oscares de Melhor Filme e Melhor Realizador de uma assentada com “Unforgiven“. Dois anos depois a Academia juntou-lhes o Irving G. Thalberg pelo seu trabalho como produtor. Talvez achassem que tinha chegado ao final da sua carreira, mas em 2003 presenteou-nos com um fenomenal “Mystic River“. Se esse não fosse o ano de Peter Jackson limpar todos os prémios, teria tido um novo ano incrível. Assim teve de esperar mais um ano e voltar a vencer ambas as categorias com “Million Dollar Baby“ e mais dois anos para o díptico sobre Iwo Jima (I, II) voltar a ser nomeado. O actor e o realizador eram o que de melhor Hollywood tinha para oferecer. Quando nos deu “Gran Torino“, estava a reformar Dirty Harry e todos os durões que interpretou. Foi um filme súmula que marcou um ponto de viragem e assinalou a despedida. A partir daí começou a fazer filmes tão distintos que nem parecia o mesmo Eastwood. O comum parecia ser o ideal do herói americano. “J. Edgar” sobre o director do FBI, um musical dos “Jersey Boys”, um filme de guerra sobre o “American Sniper“ Chris Kyle, o famoso milagre de “Sully” no Hudson, o golpe de sorte dos militares que apanharam o comboio “The 15:17 to Paris” e por último, este sobre o floricultor Earl Stone. O que têm em comum um florista com heróis e lendas? Em parte é porque vive a outra face do sonho americano. Mas principalmente é um aviso de uma pessoa com 90 anos para os mais jovens sobre as prioridades da vida. Earl cultiva e vende flores premiadas. Está sempre na estrada e à custa disso é divorciado. No dia em que recebe mais um prémio, falta ao segundo casamento da filha. Dez anos depois o seu sonho morreu. As pessoas compram tudo online, inclusive as flores. Quando parte em busca da família que descurou toda a vida, vai dar à festa de noivado da neta que ainda o adora. O seu estado emocional está tão mal como o financeiro pelo que, quando um dos jovens lhe fala de uma oportunidade de continuar na estrada e fazer dinheiro, Earl está interessado. Já não tem raízes que o prendam a um lugar. Vai ter um choque cultural e geracional com os mexicanos do cartel, mas a verdade é que o velhote consegue cumprir a missão. Com o tempo vai atingir um estatuto lendário e à medida que aprende o que tem de fazer para ser uma boa “mula”, vai ensinar aos jovens algumas lições de vida e vai fazendo o Bem para compensar o Mal. Ao longo da narrativa vamos sendo surpreendidos com um elenco de topo – Dianne Wiest, Taissa Farmiga, Laurence Fishburne, Bradley Cooper, Michael Peña, Andy Garcia – e aos poucos o filme convence-nos que não é só uma partida. Não estamos apenas a ver um floricultor a conduzir horas a fio. Estamos de volta ao Clint cínico de “Gran Torino“. Um velho e o seu carro a dizerem ao mundo quais as prioridades que devem tomar para não se arrependerem quando tiverem 90 anos. É um filme simples que se não fosse verídico seria inacreditável e tem a dose certa de comédia para contrabalançar os momentos sérios. Vai em crescendo até ao final e dá vontade de aplaudir. Não é dos melhores de Eastwood, mas são tantos e tão bons que isso seria pedir muito. A realização não tem nenhum momento de encher o olho, mas no seu todo é incrível como faz parecer simples cenas que, parando para reflectir, são tudo menos isso. Brinca com a tensão como se não fosse nada e nunca compromete a qualidade ou liberta a atenção do espectador. É um filme que funciona por si só e muitos jovens deviam ficar envergonhados por com aquela idade ter tal dedicação ao trabalho, não se poupando a nada. Sem dúvidas um dos melhores filmes a estrear este ano e daqueles que reveremos com prazer muito depois de o realizador nos deixar. The Mule Nobody runs forever 20181 h 56 min Click an icon to see more Overview Earl Stone, um homem na casa dos oitenta, está falido, sozinho e prestes a perder seu negócio devido a execução hipotecária, quando lhe é proposto um trabalho que apenas exige que ele conduza. Sem saber, ele acabou de se tornar correio de drogas para um cartel mexicano. Sai-se tão bem que a carga aumenta exponencialmente, e Earl entra no radar dum determinado agente da DEA. Metadata — Director Clint Eastwood Writer — Runtime 1 h 56 min Release Date 14 December 2018 IMDb Id tt7959026 Details Movie Media — Movie Status — Movie Rating Very good Images No images were imported for this movie. Actors Starring: Clint Eastwood, Bradley Cooper, Laurence Fishburne, Michael Peña, Dianne Wiest, Andy García, Ignacio Serricchio, Taissa Farmiga, Alison Eastwood, Richard Herd, Lobo Sebastian, Manny Montana, Noel Gugliemi, Gustavo Muñoz, Patrick L. Reyes, Cesar de León, Jackie Prucha, Adam Drescher, Christi McClintock, Keith Flippen, Kinsley Isla Dillon, Joe Knezevich, Megan Leahy, Austin Freeman, Victor Rasuk, Robert LaSardo, Saul Huezo, Lee Coc, Eugene Cordero, Felicia Dee, Jessica B. Wellington, Michael H. Cole, Charles Lawlor, Alan Heckner, Mollie Busta, James DeForest Parker, Clifton Collins Jr., Daniel Moncada, Paul Alayo, Travina Springer, Kareem J. Grimes, Caroline Avery Granger, Diego Cataño, Kiana N. Paz, Ashley V. Yanez, Nicole M. Gomez, Dylan Kussman, Grant Roberts, Pete Burris, Loren Dean, Kenny Barr, Jan Hartsell, Javier Vazquez Jr., Derek Russo, Megan Mieduch, Leonard Hennessy, Dayna Beilenson, Tess Malis Kincaid, Antwan Mills, Sparrow Nicole, Almendra Fuentes, Mia Rio, Jill Flint, Ashani Roberts, Devon Ogden, Katie Gill, Scott Dale, Artemis, Milton Saul, Timothy Carr, Marco Schittone Filmes Filmes 2018 Nuno Reis
“Gran Torino” é, realmente, Clint Eastwood. É fabuloso ver como este senhor consegue transmitir todas as características que quer com um simples arreganhar de lábios. E é realmente pena como todos os outros actores (especialmente Bee Vang) ficaram aquém do protagonista. Espero que Bee Vang tenha a feliz ideia de ter umas aulas de representação antes de voltar ao grande ecrã. Reply