West Side Story (2021) Cinquenta anos depois, West Side Story está de volta ao cinema! O reinado Trump, a perseguição contínua a imigrantes ilegais e rumores de uma caravana de bad hombres voltaram a dar relevância a este musical. Foi preciso esperar uma pandemia pelo lançamento, mas cá está ele. Fico sempre de pé atrás quando vejo alguém a mudar de género, mas quem se submete a um comparação com Robert Wise (também com um forte passado no cinema fantástico), tem de saber o que faz. As minhas expectativas eram mais que muitas. Se o filme de 1961 não me encheu as medidas, Spielberg não costuma desiludir. Em especial depois de ter adaptado o impossível “Ready Player One” e homenageado Kubrick de forma impecável. Aos poucos fui sendo tranquilizado pelas escolhas. Ansel Elgort tinha dotes comprovados em música e dança (“Baby Driver“) e a participação de Rita Moreno depois de uma carreira bem sucedida em que não precisava disto, era um aval do elenco original e da comunidade latina. Um choque logo para começar. Os créditos e a icónica apresentação dos gangues não são nada semelhantes ao original. A música está lá, mas os cenários, os movimentos, a cena, tem tudo algo de novo. Parece um filme diferente até chegar Krupke e nos recordar do passado. Aos poucos notam-se que as alterações foram mínimas – em termos narrativos e diálogos/letras parece mais próximo da peça que do filme – e não foi uma modernização para os nossos dias. Os problemas de hoje são iguais aos de há 65 anos – crise económica, confrontos raciais, gentrificação, juventude desamparada – pelo que a mesma história pode ter lugar no passado, onde custa menos admitir que há problemas. Há mudanças relevantes em relação ao original. Tony está em liberdade condicional e afastado dos Jets por um evento do seu passado que ainda lhe dá pesadelos. Na loja do Doc onde ainda ouvimos a única voz da razão num mundo de hormonas e ânimos exaltados é a viúva deste, a porto-riquenha Valentina (Rita Moreno) que percebe na primeira pessoa ambos os lados da questão. O outro grande ponto a favor é que finalmente uma das minhas principais críticas está sanada. Nâo se limitaram tanto nos cenários utilizados. O cinema tem mais liberdade que o teatro e usam-na parcamente para também não destruir a artificialidade e sensação de mundo privado que – agora percebo e admito – contribui para a narrativa. Mas também há pontos contra! Por exemplo, o elenco não convence. Tiff e Bernardo (este melhor explicado que em 1961) são piores que os anteriores. E Rachel Zegler quando primeiro a vemos não é nenhuma Natalie Wood. Só Josh Andrés Rivera como Chino suscita alguma curiosidade em porque não é tão irrelevante como antes. Se não fosse a parte musical, o filme seria uma desgraça. A nova cena do baile é pior que o original, mas quanto olhamos para as músicas que se seguem, tudo muda. Diria que o primeiro sinal de mudança é “Gee, Officer Krupke”. Tanto a interpretação musical como o novo cenário são uma lufada de ar fresco. A partir daí, o filme ganha uma oportunidade de inovar que aguenta. Anton e Maria têm tempo para se conhecerem melhor – não é só uma dança e uma conversa à varanda que os fazem perderem-se de amores. Percebemos melhor as atitudes dele, na mistura impossível entre alma partida e reputação de rebelde, e vemos que ela não é uma criança inocente, mas a segunda personagem mais madura e consciente da realidade da história. Temos uma nova cena onde a juventude e leviandade dos Jets é comprovada. A batalha é ligeiramente mais realista. E a qualidade musical muito superior à de outrora tem o apogeu quando Rita Moreno rouba o protagonismo que Ariana DeBose estava a conseguir com a personagem que outrora lhe pertenceu. Custou a chegar lá, mas no final temos cerca de meia hora de grande cinema. Após a batalha, Anybodys, que foi quase ignorado no filme todo, finalmente tem tempo para se afirmar. Algumas personsagens femininas (Graziella) têm direito a usar a voz (que no primeiro filme era essencialmente pré-batalha e penso que nem tinha direito a nome), DeBose aguenta a cena chave, Elgort faz o que lhe competia e Zegler é simplesmente brilhante. Deixo uma nota que um dos sinais dos tempos é a imensamente maior utilização de castelhano nos diálogos. Enquanto na época era preciso tornar os diálogos perceptíveis e isso significava colocar palavras espanholas em diálogos em inglês, no século XXI já os latinos se misturaram suficientemente na sociedade americana para termos diálogos inteiros em castelhano sem que o filme perca ritmo. Engraçado é que mesmo sendo 30% da população de Nova Iorque continuam a lutar pelo seu lugar, tal como as verdadeiras minorias. West Side Story 20212 h 36 min Click an icon to see more Overview Dois jovens de gangues rivais da cidade de Nova Iorque apaixonam-se, mas as tensões entre os seus amigos respetivos aumentam até à tragédia. Metadata — Director Steven Spielberg Writer — Runtime 2 h 36 min Release Date 8 December 2021 IMDb Id tt3581652 Details Movie Media — Movie Status — Movie Rating Not bad Images No images were imported for this movie. Actors Starring: Ansel Elgort, Rachel Zegler, Ariana DeBose, David Alvarez, Mike Faist, Brian d'Arcy James, Corey Stoll, Rita Moreno, Josh Andrés Rivera, Ana Isabelle, Ilda Mason, iris menas, Julius Anthony Rubio, Tanairi Sade Vazquez, David Aviles Morales, Sebastian Serra, Ricardo Zayas, Ricky Ubeda, Andrei Chagas, Adriel Flete, Jacob Guzman, Kelvin Delgado, Carlos Sánchez Falú, Yurel Echezarreta, David Guzman, Sean Harrison Jones, Jess LeProtto, Patrick Higgins, Kyle Allen, John Michael Fiumara, Kevin Csolak, Kyle Coffman, Ben Cook, Harrison Coll, Garett Hawe, Myles Erlick, Julian Elia, Carlos E. Gonzalez, Daniel Patrick Russell, Yesenia Ayala, Gabriela M. Soto, Juliette Feliciano Ortiz, Jeanette Delgado, Maria Alexis Rodriguez, Edriz E. 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