“Dream House” por Nuno Reis

Na tradição dos filmes de terror (e agora também das séries) quando se consegue comprar uma casa nos subúrbios por bom preço, é óbvio que alguém foi morto lá. E portanto, ou tem um fantasma vingativo na casa de banho, ou um assassino à porta na eminência de repetir o ataque. É caso para dizer que o barato sai caro.

Will Atenton acabou de se despedir do emprego como editor. Quer dedicar mais tempo à família e à nova casa. Uma noite surpreende um grupo de jovens em rituais satânicos na cave. Decidido a averiguar o que se passa, vai estudar o historial da casa e descobre que pouco tempo antes mãe e filhas foram lá mortas supostamente pelo pai. Isso não o incomodaria muito, se o suspeito não tivesse sido recentemente libertado do hospital psiquiátrico. Assim começa uma corrida contra o tempo de um homem que não está disposto a incomodar a família com suposições, mas está disposto a tudo para a defender.

O elenco de luxo é encabeçado por um Daniel Craig a bom nível, tem uma Naomi Watts com personagem insuficiente para a actriz que é e Rachel Weisz excelente como sempre. Tem um único inconveniente que é a face inconfundível de Elias Koteas aparecer demasiado cedo deixando o espectador tirar conclusões (erradas) sobre o que vai acontecer. O argumento está bem construído e um início frouxo aperta até ao final. Aliás, é tão cativante que nas salas onde tem intervalo o espectador não só fica aborrecido, mas profundamente revoltado.

Se ao longo da sessão o espectador está preso, quando termina parece que fica desiludido. Pelo que se observa meses depois da estreia, o público ficou indiferente e a crítica arrasou completamente. Culpem o marketing que o tentou vender como terror quando é um mero thriller psicológico. Se for visto sem a expectativa de ser surpreendido/assustado, mas apenas com a intenção de passar um bom momento a assistir a um filme sobre amor, dedicação e família, então “Dream House” tem tudo o que é preciso. Pode não ser um regresso do grande Sheridan de “In America”, mas não é filme que deixe alguém indiferente.