“Mighty Aphrodite” por Nuno Reis Nuno Reis, June 1, 2011 Linda Ash: You didn’t want a blowjob so the least I could do is get you a tie. Há quem faça cinema eficaz e há quem prime pela diferença. Estamos provavelmente perante o caso mais ambíguo que se poderia imaginar. Misturando o talento para a escrita cinematográfica, com o conhecimento de literatura clássica, em “Mighty Aphrodite” temos uma combinação explosiva de cinema para público mainstream com um piscar de olho aos intelectuais.A primeira impressão de quem entra para o filme é de ter sido enganado. Mas um filme com uma deusa grega no título e que é aberto por um coro grego num anfiteatro grego, não tem de ser obrigatoriamente grego. Pode ser apenas criativo. A história passa-se na actualidade. Amanda e Lenny adoptam uma criança e vivem felizes por muito tempo, até que o pai se começa a interrogar sobre quem seria capaz de gerar e abandonar uma criança tão inteligente. Iria algum dia o filho perguntar-se o mesmo? Com algumas perguntas e cuscuvilhices Lenny consegue chegar a um nome e depois a uma pessoa: Linda. Lenny e Linda são muito diferentes, mas interessado em que o filho se possa orgulhar da mãe biológica, vai fazer os possíveis por a tornar numa mulher de respeito. Só que até lá também Linda vai mudar Lenny (ideia reutilizada em “Whatever Works”).O tema da adopção nunca é fácil de tratar, a não ser que sejamos Woody Allen. É incrível como qualquer tema que lhe caia nas mãos consegue ser tratado com respeito e humor. Estamos perante uma comédia – excelente por sinal – que tem importantes divagações sobre a adopção e a educação. Terminando o filme as ideias ficam implantadas.A tragédia grega ajuda a cortar um humor que caminhava para o exagero. De forma a respeitar o tema em questão foi usado este golpe de génio que parece sério. Só que enquanto relatam os acontecimentos e distribuem filosofias de vida, também falam de advogados e Cincinnati. É apenas outro tipo de humor e um espectador que consiga apreciar passará mais tempo divertido e maravilhado.Se nenhum dos argumentos acima bastou para os convencer há Mira Sorvino e não é preciso mais nada pois desarma qualquer um. Ela é o filme. A personagem tem uma mistura improvável mas cativante de experiência, burrice, simpatia e honestidade. É muito directa, por vezes ordinária, mas sempre ela mesma. É certo que Sorvino não tem mais nenhum papel em toda a carreira que sirva de cartão de visita ou que prenunciasse algo assim, mas o Oscar que arrebatou como Afrodite não surpreende porque ninguém lhe chegava aos calcanhares. A expressão “o papel de uma vida” nunca fez mais sentido. Título Original: “Mighty Aphrodite” (EUA, 1995)Realização: Woody AllenArgumento: Woody AllenIntérpretes: Woody Allen, Mira Sorvino, Helena Bonham CarterFotografia: Carlo Di PalmaGénero: Comédia, Fantasia, RomanceDuração: 95 min. Nuno Reis Woody Allen Críticas 90's
Mira Sorvino… nem mais. Do tempo em que cultivava um "lust" de tal forma que via muita coisa dela. E neste ela carrega todo o filme com intensa luz… Reply