“Tony” por Nuno Reis Nuno Reis, October 17, 2010 Tony, not your ordinary serial killer… Capturados, foragidos, mortos ou mesmo desconhecidos, há diversos tipos de assassinos que, reais ou ficcionais, ocupam as mentes das pessoas. É obrigatório referir a repulsa, mas o medo pelos em liberdade e o respeito pelos lendários também costumam ser sentimentos frequentes. A morte é um assunto delicado e raramente se centra o filme num vilão, mas quando tem de ser feito, tem de ser divertido para escapar à crítica social. É essa a ideia por trás de “Tony“. Fala de um serial killer invulgar. Tony é desempregado desde sempre. O seu dinheiro vem do Rendimento Mínimo de Inserção e passa o tempo sozinho a rever VHS com filmes de acção dos anos 80. De vez em quando mata e desmembra, mas sempre com uma justificação. Neste filme vamos conhecer melhor a intimidade de Tony. Vamos explorar o seu lado humano e descobrir que além de ser um assassino há mais alguns motivos por que deve ser odiado e outros pelos quais pode ser compreendido. É uma curiosa perspectiva sobre a mentalidade de um assassino. O argumento foi baseado num criminoso real, mas isso pouco interessa, o fundamental está no filme em si. Em primeiro lugar é uma sátira social. Colocar um subsídio-dependente como vilão é uma ideia fenomenal para cativar o interesse e a antipatia do público. Em segundo lugar, estando a atenção conseguida, Tony vai fazer os possíveis para, com a sua aparente simplicidade, provar que não é má pessoa. Se bem que muitas vezes pareça exagerado, não é difícil acreditar que exista alguém assim.A sua falta de inteligência provoca uns momentos de riso incontrolável, isso é uma mais-valia do filme. A forma como toda a sua vida social está retratada é outro dos pontos fortes. Finalmente, a realização transmite exactamente a limitação do espaço fechado onde a maioria do filme se desenrola. Com talento (do actor e do realizador) não é preciso um grande orçamento. É um “Portrait of a Serial Killer” numa Londres até agora subaproveitada no cinema. Não sendo um filme convencional ou de grande futuro comercial, tem tudo o que precisa para conseguir o seu próprio público e com o tempo pode atingir o estatuto de filme de culto. Título Original: “Tony” (Reino Unido, 2009)Realização: Gerard JohnsonArgumento: Gerard JohnsonIntérpretes: Peter FerdinandoMúsica: Matt Johnson, The TheFotografia: David HiggsGénero: Drama, ThrillerDuração: 76 min.Sítio Oficial: http://www.tonythemovie.com/ Nuno Reis Sitges 2010 MOTELx 2010