“MacGruber” por Nuno Reis

Citando o post que fiz no distante mês de Janeiro: Apenas um herói americano conquistou o título de Boina Verde, Navy Seal e Army Ranger. Apenas um operacional ganhou 16 Corações Púrpura, 3 Medalha de Honra do Congresso e 7 Medalhas Presidenciais de Bravura. E só um homem tem a coragem necessária para usar aquele corte de cabelo.
MacGruber foi o maior herói da sua época, há dez anos atrás. Reconhecido por todos os ramos das Forças Armadas como o melhor, foi tragicamente morto numa explosão no dia do seu próprio casamento. Mas quando o mundo precisa dele, o único que sabia a verdade vai trazer MacGruber de volta dos mortos para enfrentar novamente o seu arqui-inimigo Von Cunth. MacGruber reúne uma equipa com os melhores do mundo, mas contra tanta incompetência nada nem ninguém seria capaz de fazer algo bem.

O elenco prometia. Os talentos cómicos de Will Forte e Kristen Wiig, veteranos do Saturday Night Live onde a personagem fez furor, e alguns actores de qualidade como Ryan Phillippe, Val Kilmer, Powers Boothe e Maya Rudolph, juntos poderiam fazer um filme com qualidade e divertido. Só que este MacGruber não era suposto ter humor inteligente. Enquanto nos sketches do SNL no minuto disponível ainda fazia algo engraçado, com hora e meia perde-se logo aos primeiros minutos. A acção na cena de abertura é credível para comédia. O aparecimento de MacGruber era obrigatório, se bem que optaram por fazer a cena de forma extrema, mas ainda se perdoa. A equipa reunida tinha estrelas do wrestling o que, para o tempo que estão em cena, é um ponto a favor. E Ryan Phillippe tem um papel muito bom como elemento anti-humor. Só que o filme tem mais de dez minutos e ao longo de toda a história a única coisa que se aproveita é precisamente o trabalho desse actor. O resto ao fim de uns minutos descambou para um buraco sem fundo que obriga a forçar o riso para não sofrer de morte. É tortura em formato cinematográfico, se é que se pode chamar a isto cinema.

O ridículo não pode ser levado ao extremo, mas é isso que fazem aqui com o auto-rádio e outros detalhes (inicialmente divertidos) que seriam mais adequados a uma série de sketches do que a uma longa-metragem. De longe o pior filme estreado este ano.