“Street Kings” por Nuno Reis

David Ayer tem construído uma sólida reputação com thrillers sobre polícias e criminosos. Argumentista de “Training Day“, “Dark Blue“, “SWAT” e “Harsh Times“, realizou apenas este último. Para compensar o tempo perdido desta vez realizou um filme que não escreveu. A história que originou “Street Kings” esteve a saltar de mãos em mãos durante quase 15 anos até que Ayer a tornou filme.

Tom Ludlow é um agente das Forças Especiais que faz justiça contornando as regras. O capitão Wander é chefe dele e tem de remediar as situações para Ludlow não ser despedido por eliminar malfeitores. Os Assuntos Internos andam a investigar as Forças Especiais e quando um agente que testemunhava contra eles é abatido num assalto, a pressão aumenta. Entre investigar a morte do antigo parceiro, fintar os Assuntos Internos e lidar com os fantasmas do passado, Ludlow vai ter uns dias complicados pela frente. As distorcidas noções de bem e mal fazem com que não se saiba quem está de que lado pois na polícia parece ser cada um por si e ninguém é quem parece.

O elenco de luxo inclui Keanu Reeves, Forest Whitaker, Chris Evans, Amaury Nolasco, Hugh Laurie e Jay Mohr além de vários rappers. A maioria deles está a tentar escapar de personagens que fizeram história no cinema ou televisão. Por acaso Whitaker é tratado por Rei e Laurie entra em cena numa enfermaria, mas as semelhanças acabam aí. A interpretação consistente de Reeves – que contraste em relação aos filmes anteriores! – leva o filme a bom porto. Seguindo a moda muitos rappers experimentam o cinema como forma de completar a carreira artística. Encarnam criminosos e no meio dos tiroteios a interpretação deles até que é boa. Existem ainda duas actrizes que foram adicionadas só para embelezar a tela e que pouco enriquecem a história. Junto com a falecida mulher de Ludlow tornam-se umas pontas soltas que atrapalham o argumento mais do que ajudam.

Acção a rodos e algum mistério para adensar a narrativa. Violência pouco moderada, muitos tiros e gritos, nenhum respeito pela vida ou pelos direitos humanos. O desfecho é surpreendente, mas parece forçado. Não sendo diferente dos anteriores trabalhos do realizador tem pouco de vida própria. Mas apenas pelos actores, que se superaram, merece a ida ao cinema.