“Tangled” por Nuno Reis

Há cerca de um ano celebramos o regresso da Disney à animação tradicional. Desta vez podemos celebrar o regresso aos bons filmes pois “Tangled” repete e bem o que a Disney fazia de melhor.
O primeiro passo para ser um bom filme Disney é ter uma princesa de contos tradicionais. Não faltavam muitas no portfolio da empresa, por isso optaram pela princesa presa no alto de uma torre: Rapunzel. Só que desta vez, por uma questão de marketing, o título não é o nome da heroína porque isso afugentaria os rapazes. Não percebi, mas eles é que são os especialistas. Rapunzel está farta de viver no alto da torre e quer ver de perto as estrelas móveis que aparecem no seu dia de aniversário. Para isso captura um ladrão que tem a triste ideia de se esconder na torre e torna-o no seu guia para uma viagem de ida e volta às lanternas voadoras. Só que a bruxa malvada não está disposta a abdicar da eterna juventude, nem o cavalo da guarda real deixará escapar o prisioneiro, por isso os nossos heróis preparam-se para enfrentar muitos desafios na sua odisseia.

Uma heroína ingénua e aventurosa a percorrer o mundo pela primeira vez faz recordar os saudosos tempos de Ariel. O herói charmoso e convencido tem traços de muitos heróis Disney (Aladdin, Hercules, o gato Tom, Gaston,…) e até o temperamental cavalo faz lembrar Pégaso. Quanto à bruxa é das mais carismáticas vilãs em décadas, ao nível de uma Cruella De Vil ou uma Ursula. Já o cenário medieval em que se desenrola e as personagens que o habitam é comparável (mas inferior) ao concorrente “Shrek”.A diferença está na princesa, (apenas aparentemente) mais desenvolta do que as anteriores e que consegue causar uma boa impressão.

Depois de toda a reciclagem de personagens, peripécias e situações, o produto final é um filme com ar familiar, mas completamente novo. A história que nasceu como uma sequela de “Enchanted” tornou-se um belo produto por mérito próprio. Não tão memorável como o irmão de imagem real, mas muito aprazível de assistir pelo público-alvo.