“The Blind Side” por Nuno Reis Nuno Reis, April 2, 2010 Os Tuohy tinham tudo. Fama, um fluxo constante de dinheiro, os filhos eram bons alunos, todos eram felizes. Sean conjugava o sucesso desportivo com o olho para o negócio, mas era Leigh Anne quem mandava lá em casa. Ele já a conhecia e antecipava todos os seus movimentos, admirando a coragem e determinação da mulher. A relação funcionava porque ele não a questionava, simplesmente não daria resultado e iria cansar-se para nada. Ela sabia o que queria, nunca se enganava e raramente tinha dúvidas. Quando ela decide albergar por uma noite um enorme aluno sem-abrigo, nenhum deles imaginava onde aquilo acabaria. De uma noite, para o Dia de Acção de Graças, até ficar a morar lá e ser adoptado foi um pequeno passo. O passo seguinte foi ajudá-lo a encontrar uma carreira o que, atendendo ao baixo quociente intelectual, teria de ser no desporto. Quem o conhecia conseguia dele o que queria, e assim Leigh Anne tornou-o um campeão pretendido por todas as universidades. É aí que começa o problema. Outsider nos Oscares, “The Blind Side” surpreendeu por conseguir um Oscar para a historicamente mediana Sandra Bullock. Inspirado na vida real de Michael Oher, transportou para o ecrã uma família que tinha tudo e não se importou de o partilhar. Passaram da simples caridade da classe alta (recolhas de fundos, presenças em eventos) para aquela em que sujam as mãos: albergaram ,vestiram e tornaram-se tutores de um jovem problemático. Não que ele fosse perigoso, era apenas difícil de compreender. Confiaram nele, abriram-lhe a casa e o coração e juntos venceram na vida. O filme segue uma receita comum de telefilme. Personagens típicas, situações vulgares, muita coragem e um final feliz. A única diferença entre este filme e aquele de domingo à tarde é que neste se sente algo (e não é desespero por nunca mais acabar). Sandra Bullock não tem um papel extraordinário. Está muito melhor do que é habitual, mas só por esse progresso merecer o Oscar é um exagero. O resto da família é insignificante, com excepção de Sean Júnior. Este miúdo – Jae Head, fixem o nome – é o ponto alto do filme com todo o seu humor e uma personalidade atípica. Apesar de ser um minorca leva a peito o título honorário de irmão e protege o grandalhão, treina-o, leva-o de mão dada até ao topo do mundo. Kathy Bates tem um papel importante como a explicadora. Apesar do pouco tempo em cena brilha espalhando talento e humor. A crítica social chega na escolha da universidade. Um jovem que consegue superar todos os obstáculos e entrar para o ensino superior é depois criticado por ter adoptado a instituição que lhe educou a família. É sabido que equipas desportivas, política e religião são temas propícios a discussão. O único fanatismo saudável é pela faculdade/universidade e portanto admiro aqueles que veneram uma instituição de ensino desde a inscrição até ao fim da vida. Convencer os filhos a ir para a mesma universidade não é crime. Que eu saiba, desejar-lhes o melhor é uma prova de amor e para cada um nada é melhor do que a escola onde se andou. E ajudar os outros, mesmo que com um objectivo secreto, deve ser visto como uma boa acção.Esse toque final é o tal factor que dá a alma ao tele-filme. Recordar a cada um o orgulho que é pertencer a uma escola e o orgulho maior que é ter um filho a seguir essas pisadas torna o filme memorável, mesmo que nos esqueçamos do resto do argumento. Título Original: “The Blind Side” (EUA, 2009)Realização: John Lee HancockArgumento: John Lee Hancock (livro de Michael Lewis)Intérpretes: Sandra Bullock, Quinton Aaron, Tim McGraw, Jae Head, Lily CollinsFotografia: Alar KiviloMúsica: Carter BurwellGénero: Biografia, Desporto, DramaDuração: 129 min.Sítio Oficial: http://www.theblindsidemovie.com/ Nuno Reis Filmes 2010
Contudo irrita-me bastante pelo seu tom panfletário, que quase parece uma obra de propaganda da Sarah Palin. Reply
Este pode não ser do teu agrado, mas o fim-de-semana ainda terá mais críticas a filmes. Estou precisamente agora a programar a publicação do "Basterds" para amanhã e tenho 14 filmes estreados em 2010 para escrever. Queria manter uma média razoável para não deixar acumular muitos mais. Vou perguntar aos leitores quais as prioridades. Reply
Eu adorei o filme e estive quase a ir vê-lo ontem (ou seja… pouco mais do que 24h depois do ter visto pela 1a vez). Ok… o filme não é assim tão bom mas baseia-se numa história verídica (e uma boa história). Como foi dito por um Amigo meu, o óscar deveria ter sido dado ao Sean Jr… Sem dúvida! Reply