“The Nanny Diaries” por Nuno Reis

Durante décadas Mary Poppins foi o modelo de nanny. Extremamente profissional, culta, alegre, com poderes mágicos, que mais podem pais ou filhos desejar? Mas no mundo real, e especialmente nos Estados Unidos, a realidade é outra. As amas disponíveis são mulheres vindas de países terceiro-mundistas, mal falam inglês e não trazem nenhumas referências. Aparecendo uma jovem branca, educada e solteira é imediatamente considerada uma bênção enviada pelos céus. Se essa dádiva se parecer com Scarlett Johansson então estamos perante um milagre.

Em “The Nanny Diaries” a jovem aspirante a antropóloga Annie Braddock (Johansson) após sofrer uma branca numa entrevista começa a sofrer de dúvidas existenciais. Num jardim é tomada acidentalmente por uma ama e, com o enorme assédio que sofre por parte das mulheres da elite nova-iorquina, Annie decide entrar nesse mundo. A experiência que tem com crianças é nula, mas baseada nas melhores referências cinematográficas: o voo de guarda-chuva e a inconfundível supercalifragilisticexpialidocious recordam que filmes sobre amas serão sempre comparados a Poppins. A sua nova vida como ama vai ser relatada como um trabalho antropológico. A família para quem trabalha recebe o nome de código X. Annie tem de tomar conta do pequeno Grayer enquanto a senhora X anda na sua vida imensamente ocupada com nada.

A realização ficou nas mãos de Shari Springer Berman e Robert Pulcini. Esta dupla trouxe-nos há pouco tempo o brilhante “American Splendor“, mas dessa obra de arte só repetiram Giamatti e a crítica social. A alta sociedade que menospreza os filhos enquanto pensa que faz o melhor possível por eles, as relações criadas entre amas e crianças que se tornam mais fortes que os laços familiares. “The Nanny Diaries” é um filme agradável de ver, especialmente por rodar exclusivamente em torno de Johansson. A actriz já fez muitos trabalhos melhores mas a sua interpretação é suficientemente credível para o filme ser visto.