“The Proposal” por Nuno Reis

Para quem já não se lembra do “Green Card” de Peter Weir, filmado há vinte anos, a realizadora de “27 Dresses“, Anne Fletcher, faz uma nova versão da história dos casamentos de conveniência.

Margaret é uma poderosa editora temida por todos os que trabalham com ela. Quando ela chega a algum lado todo o corredor treme. As pessoas só não sofrem mais porque uma sofisticada rede de comunicação alerta para a sua passagem com antecedência. A pessoa que parece melhor lidar com esta déspota é o seu secretário/ajudante/escravo Andrew, primeira vítima de todas as decisões. Mas Margaret não é toda-poderosa. Acima dela tem a administração da empresa e as leis do país. Essas leis dizem que uma canadiana sem os papéis em ordem não pode estar nos EUA e a administração diz que não pode empregar uma imigrante ilegal. Para evitar ser corrida sem honra nem glória para o seu país de origem, ordena a Andrew que se case com ela para ganhar nacionalidade. Andrew aproveita-se da situação para finalmente ir a casa e apresentar a sua namorada.

Imensa publicidade foi feita ao filme. As opiniões do público afirmavam que era diferente. No início até que é diferente, mas depressa se torna igual a muitos outros filmes. A comédia romântica como comédia está um pouco acima da média, como romance é banal.
A dupla de protagonistas nunca chega a ser um casal, do início ao fim fica a sensação de serem patroa e empregado, talvez justificada pelo facto de Bullock ser a produtora do filme e portanto, autoridade máxima em cena.Entre todas as personagens a única que se aproveita é a avó de Andy. A veterana Betty White dá um enorme fôlego ao filme com a sua interpretação de uma velhota divertida, por vezes louca, mas sempre a pessoa mais ajuizada da família. Os demais secundários pouco mais fazem do que número, com a devida ressalva para os pais que ainda conseguem manter uns diálogos.

O desfecho confirma a falta de coragem do filme que se contenta com um previsível final feliz. Faltou audácia, vontade de ser diferente e ousado. Filmes destes há aos montes.